quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Cristiano Ronaldo e o Outro

Curiosamente este vídeo, devolveu-me à memória, um poema de Bertold Brecht, que já nem sabia que conhecia. Verdadeiro hino aos esquecidos da História.

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ
Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilónia várias vezes destruída.
Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas
Da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma esta cheia de arcos do triunfo
Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A decantada Bizâncio
Tinha somente palácios para os seus habitantes? Mesmo
na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada
Naufragou. Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?
Cada página uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande Homem.
Quem pagava a conta?

Tantas histórias.
Tantas questões.

Bertold Brecht

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

domingo, 27 de janeiro de 2008

Veteranos Vasco da Gama Atlético Clube


Fui convidado à cerca de dois anos para jogar futebol 11, pelos veteranos do VGAC. Eu que nunca passara da formação dum momento para o outro vejo-me transportado para dentro do mais famoso rectângulo do Mundo a jogar, discutir, garrear (sim no futebol garreamos, não guerreamos), com muitos dos Ídolos do Vasquinho, que eu via ao Domingo no estádio - Belchior, Patan, Chico da Glória, Matilde, Alberto e Vítor Canastra, Tó Luís, etc- e que representaram o melhor das suas gerações, na III e II Divisões Nacionais (longe vinha a Liga de Honra). A par disto reencontrei velhos companheiros das camadas jovens e que lograram chegar a Seniores e representar o clube da nossa Terra.
Não fora o companheirismo e amizade que fomos cimentando e tudo se conjugava para ser um estranho num balneário cheio de estórias e glória.
Agora a cada quinzena juntamo-nos. Volto a correr atrás da bola, regresso à minha rua, ao intervalo da escola, aos jogos do IOS, aos iniciados e juvenis do Vasco, aos torneios de futebol salão e volto a ser criança. Não há mundo para lá das quatro linhas. Jogamos como se não houvesse amanhã. É no lance ganho, no passe acertado, na bola recuperada, na assistência para o golo, no golo que reside a nossa felicidade, por breves momentos é aquela a razão de ser e toda a vida faz sentido.
A par de tudo isto, que, não é pouco, ainda oiço o partilhar de estórias, a queda de mitos, o despertar de heróis arrancados ao passado, o relato de grandes jogos, momentos de glória e derrota, tudo, mas tudo acompanhado por um brilho nos olhos destes velhos lobos do futebol.
Se a tudo isto juntarmos o facto de fruto de uma boa condição fisica - resultante da prática quase diária de 10 a 15 Kms - muita vontade, bastante sorte e também - permitam-me esta presunção -, algum jeito, esta época depois de dois golos que representaram 2 empates, no último jogo 2 golos ao Grandolense que significaram uma vitória por 2-0.
No regresso a casa o meu filho, na alegria de 4 anos, grita:
- Pai, pai ganhaste?
- Sim, atiro-lhe com um sorriso denunciador.
- E marcaste muitos golos, indaga com os olhos abertos, em expectativa.
- Sim, dois.
- Aiií! E foram com muita força? pergunta ao mesmo tempo que abala a correr, chutando no ar, imitando os golos imaginados, sem esperar resposta.
Por vezes a felicidade é tão simples.

Em homenagem ao nosso Vasco, quem não reconhece esta música dos The Fevers, tocada vezes sem conta no estádio Municipal.




Notícias do Tribunal

Eleições Autárquicas: 9 de Outubro de 2005
Número de Processo: 72/AL2005
Iniciativa: PS - Sines
Assunto: Neutralidade e imparcialidade das entidades públicas - Participação contra a Câmara Municipal de Sines por fazer campanha indirecta da CDU através do livro editado pela Câmara sobre a actividade do mandato em curso
Apreciação plenária: 22.09.2005
Resultado: Deliberou o arquivamento por inexistência de elementos indiciadores da prática de ilícito eleitoral.

Ribeira de Sines 1960


sábado, 26 de janeiro de 2008

Poluição em Sines - O povo é sereno, é só fumaça

A mula da "comprativa"

Longe vão os tempos da revolução, actuais e pertinentes continuam muitas das dúvidas.

Boas notícias

"in http://www.alentejolitoral.pt/"

Loja do Cidadão em Santo André
23-01-2008
Vila Nova de Santo André , Santiago do Cacém

"A Câmara Municipal de Santiago do Cacém e a Junta de Freguesia de Santo André estão em contacto com a Agência para a Modernização Administrativa com o objectivo de conseguir para Vila Nova de Santo André a instalação de uma Loja do Cidadão.
Vila Nova de Santo André, cidade do concelho de Santiago do Cacém, integra a rede de cidades estruturantes do Alentejo, segundo o Plano Nacional de Politicas de Ordenamento do Território. Localizada perto de Santiago do Cacém e Sines, bem como da ligação rodoviária para Grândola, permite um fácil acesso e evita que a população da região se desloque a Setúbal ou Lisboa para tratar da maior parte de documentos, registos ou certidões.
A Câmara Municipal de Santiago do Cacém disponibilizou um espaço com 200m2, localizado na Praça da Concórdia, em plena praça central de Santo André, para acolher esses serviços. O Município enviou para a Agência para a Modernização Administrativa, entidade gestora das Lojas do Cidadão, uma planta do espaço que é disponibilizado, aguardando agora que responsáveis da agência se desloquem ao concelho.
A Câmara pretende que a Loja do Cidadão englobe serviços como a ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho, DGCI – Direcção Geral dos Impostos, EDP, Governo Civil, IMTT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, IRN – Gabinete de Certidões, IRN, GARA – Gabinete de Apoio ao Registo Automóvel/DAU, IRN – Serviços de Identificação, ISS – Instituto de Segurança Social, Ministério da Saúde, Portugal Telecom, SEF – Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, entre outros.
O concelho de Santiago do Cacém tem uma posição central ao nível da sub-Região do Alentejo Litoral, pelo que a Câmara Municipal está confiante que o Governo e a Agência para a Modernização Administrativa aprovem a Loja do Cidadão."

Contributos para o trânsito em Sines

Na sequência de 2 atropelamentos na última semana, um dos quais mortais, e do descontentamento da população com a localização de algumas passadeiras, o vereador com o pelouro do trânsito da autarquia Siniense, considerou que "se as pessoas andarem à velocidade indicada dá tempo para pararem".
Da mesma forma que se existissem estacionamentos suficientes não havia 2ª filas, se estivesse implementado o prometido desde longa data, plano rodoviário da Cidade não andávamos aos ziguezagues pelas ruas de Sines, se arranjassem as ruas com mais regularidade havia menos buracos, se existisse sinalização de orientação haveria menos automobilistas perdidos, etc.
Ainda mais eficaz se não existirem passadeiras não há atropelamentos nestas, se proibirem a circulação automóvel na cidade acabam os acidentes rodoviários e se acabarem com o trânsito acabam com o respectivo pelouro.
Mata-se o doente, acaba a doença, assunto resolvido.

Expropriados do GAS

Existem estórias que ouvimos desde que andamos de mão dada com os nossos pais, que relatadas em surdina, raiva contida, despero, acompanhadas de lágrimas, despertam os nossos sentidos de criança para algo de anormal.
Foi assim que me habituei a ouvir falar das expropriações do Gabinete da Área de Sines.
Do que a idade me permitia, entendi que existiam pessoas que tinham casas, terrenos, propriedades, etc, que lhes foram tiradas, e ponto final.
Com o passar dos anos fui percebendo que foram feitas leis que permitiram as expropriações, que foi pago dinheiro aos proprietários - uns receberam, outros recusaram - que as propriedades foram retiradas de alguns para o usufruto comum, justificado pelo desígnio nacional que representava o Complexo Industrial de Sines.
Bem mais tarde percebi que muitas das propriedade não serviram o bem comum, mas interesses particulares; entendi que o Complexo Industrial pensado no fascismo envergonhado de Marcelo Caetano prolongou-se no 25 de Abril ainda de fraldas, porque os interesses económicos - entenda-se dinheiro - não conhece partidos nem ideologias; ainda me interrogo como foi possível na aurora da liberdade os expropriados não se uniram num sentimento de revolta e de desordem pública para legitimamente defender as suas propriedades privadas. Dizem-me que "eles" eram os latifundiários, os ricos que tinham que pagar a crise, mas como pode ser rico quem por exemplo foi espoliado de uma parcela de 2.000 m2 de terreno agrícola?
Mais recntemente acompanhei as associações de expropriados - e seus descendentes - a compreensão e apoio das autarquias com a sua luta, a extinção do famigerado Gabinete da Área de Sines, a entrega de parte das propriedades expropriados às autarquias. Quando ingenuamente esperava a devolução destes, mais uma vez redescobri que o interesse económico sobrepõe-se a tudo o resto.
Hoje do que consigo entender existiam propriedades privadas que lhes foram tiradas aos seus legítimos donos, e ponto final.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Investimentos em Sines

Sempre conheci Sines em obras - verdadeiro estaleiro de gente mais ou menos atarefada - alimentado a balões de oxigénio de supostos grandes investimentos que criaram grandes expectativas e frustrações ainda maiores. A ressaca provocada pela desilusão é sempre maior que a inebriante ilusão. Em abono da verdade seja dito que na última década o Pólo Industrial de Sines foi alvo de investimentos consideráveis que resultaram num incremento da sua actividade económica.
O facto de ao longo de muitos anos ser uma vila piscatória e destino turístico e mais tarde um pólo industrial com as consequentes vagas de novas gentes das mais variadas origens e hábitos criou em Sines uma estrutura social multiétnica tolerante e receptiva à mudança, com uma plasticidade social rara nas sociedades modernas.
Mais uma vez estamos perante um ciclo de expectativas de investimento e crescimento do Pólo Industrial e da Cidade como tantas vezes ouvimos e poucas sucedeu.
Nunca acreditei nas estimativas de duplicação da população como alguns políticos afirmavam e duvido do incremento de 3.000 trabalhadores, como agora dizem.
Creio, sim, que trabalhem em simultâneo 3.000 trabalhadores, contudo uma parte substancial é constituída por mão-de-obra existente em Sines.
Posto isto nada justifica o alarmismo da política caseira. Em termos de saúde será o Hospital do Litoral Alentejano a dar resposta a novas exigências, em termos de segurança pública já hoje não a temos e infelizmente a isso nos habituámos - a contenção do défice público oblige.
Depois do final das obras ficaremos apenas mais umas dezenas, talvez uma ou duas centenas de habitantes, nada a que não estejamos habituados.

Este Post foi transformou-se em "Carta Aberta aos políticos da casa", leia a versão integral no próximo "Notícias de Sines".

domingo, 20 de janeiro de 2008

Pipeline

Decidiu a Administração do Porto de Sines passadas umas décadas proceder à vedação e monitorização do pipeline que serpenteia Sines em direcção às Refinarias.
Ou durante muitíssimos anos (con)vivemos lado a lado com um perigo ou alvo susceptível de ameaça e nunca percebemos ou a ameaça e histerismo desencadeado com o "11 de Setembro" chegou a Sines com mais de 6 anos de atraso.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Sines 1934



1.º contributo, recebido via mail. Obrigado.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Fotos Antigas de Sines

Curiosamente não existem fotos antigas de Sines na Net, se tiverem e quiserem partilhar agradeço. Gostaria de criar um portfólio digital de fotos antigas de Sines. Para já temos esta do princípio do fim de Sines tal como o conheceram os nossos pais e avós, penso que seja de 1974-75 (???), de autor desconhecido.

Local para Fumadores - Toca da Zorra






quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Santo André, o início.

Mão amiga fez-me chegar fotos do início da construção da actual Cidade de Santo André.
A sua construção iniciou-se na decáda de 70, do séc. XX, para responder às necessidade de mão de obra do Complexo Industrial de Sines, não passava, então, dum dormitório sem passado e de futuro incerto.
A unir os nóveis habitantes um sentimento de esperança, numa vida melhor para quem migrava do interior do País, no recomeçar de uma nova vida para quem vinha das ex-colónias, a separá-los um universo de diferenças que souberam tornar conciliáveis e transformaram Santo André de uma vila sem raizes sociais na maior Cidade do Litoral Alentejano, com um crescimento assinalável nos últimos anos. Depois da elevação a Cidade aguarda a inevitável elevação a Concelho.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Sines no SecondLife (II)

É muito à frente.

Sines no SecondLife

Projecção virtual do novo PDM (lol)

Homenagem ao Carnaval de Sines em 1992

Carnaval de Sines em 1992

Conveniências

Ontem assiste à parte final do Pró e Contras da RTP sobre a localização do futuro aeroporto em Alcochete. Em todo o processo para além da indecisão do Governo e da oportuna divulgação da futura localização - não se voltou a falar da questão do referendo ao Tratado de Lisboa - fica cada vez mais claro que a construção de um novo aeroporto não é a consequência natural do desenvolvimento do País, mas pelo contrário parece que dele depende o desenvolvimento do País. Não teremos um aeroporto que responda às necessidades do País mas antes um aeroporto para resolver as necessidades do País.
Sem grande surpresa li na imprensa um dos responsáveis do PS no Distrito de Setúbal a argumentar a favor de Alcochete como um factor de descentralização e desenvolvimento da margem Sul e Alentejo em contraponto com o eixo Lisboa-Porto. Este arauto da descentralização à uns anos atrás no decurso de uma campanha legislativa no Distrito de Setúbal, prescindiu de vir a Sines porque eram "meia dúzia de votos".
A descentralização dá-lhe jeito quando é para centralizar e fomentar o norte do Distrito, caso contrário são "meia dúzia de votos". A politica e as suas conveniências são agoniantes.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Ligação à frente marítima

Dentre vários projectos consta nas Grandes Opções do Plano 2008-2011 para o Concelho de Sines:
"Preparação dos projectos que garantam um ligação de excelência da cidade com a frente marítima e com a envolvente paisagística..."

A posição altaneira de Sines constituiu durante muitos anos uma vantagem para a população, que deste modo se via a salvo - ou pelo menos concedia-lhe mais tempo - para os actos de pirataria que assolavam a costa.
Com a passagem dos anos, os piratas passaram a utilizar outros métodos de saque e o que era uma vantagem geográfica passou a ser um obstáculo económico e social.
Hoje Sines para além da ligação afectiva ao mar necessita de uma ligação fisica que aproxime a Cidade do mar como local de lazer sem comprometer ou acentuar o abandono do centro histórico.
A este propósito recordei-me da solução encontrada pela cidade de Barcelona nos acessos ao Parc Guell, onde as subidas são vencidas a golpe de escadas rolantes, accionadas por sensor e passíveis de ser alimentadas a energia solar.
Esta solução enquadrada por patamares ajardinados e com ligação ao futuro Parque da Cidade, resiste a qualquer arquitecto, engenheiro ou afim mais empedernido.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Noite de Sines

Inicialmente era uma sensação que atribuia ao facto de ter outra idade e naturalmente outra disposição, depois tornou-se conversa comum entre pessoas de várias gerações e foi-se o argumento da idade. Agora é notório que a "noite" de Sines perdeu público, bares, cafés, numa palavra "andamento". Durante anos o destino de diversão nocturna era Sines até à hora da discoteca, depois o rumo era em direcção a Santiago.
Ontem voltei a constatar que o movimento de "sábado à noite" em Sines não se distingue de um qualquer bairro da periferia ou pequena vila do interior do País.
A explicação passará pela existência de novas tecnologias, nomeadamente internet; pelo êxodo de gerações mais novas para Santiago e Santo André, no final da década de 90, em virtude da especulação imobiliária em Sines; inexistência de universidade ou politécnico na Cidade; estabelecimentos nocturnos pouco apelativos; centro histórico degradado e abandonado; existência de um sentimento de insegurança, etc, etc, etc...mas não se esgota aqui. O que se esgotou foi a noite Siniense. Existirão muitas mais teorias e argumentos, entretanto a "noite" de Sines vai minguando até ao limite do ridículo.

sábado, 12 de janeiro de 2008

O melhor Sporting

Num momento de angústia desportiva, nada como recordar BALAKOV.
Para quem não viveu nos anos 50, nem viu jogar os 5 violinos, o "melhor sporting" é este Búlgaro.
Esforço, dedicação, devoção e GLÓRIA: Eis Balakov, neste golo ímpar. Quantas faltas os actuais jogadores do sporting tinham "arrancado" nesta jogada e desistido do golo.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Alcochete

Tudo conspira contra nós sportinguistas, agora até o aeroporto vai para Alcochete para perturbar os treinos na Academia. É o sistema.
Mas vão se lixar, pois desta forma o Purovic está mais perto de ir embora.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Projecto GISA – Ambicioso, Inovador, Necessário e Tardio.

Quase a fechar o ano chegou uma notícia daquelas que nos devolve a esperança de vivermos num mundo melhor.
A CCDRA, a Câmara Municipal de Sines e mais 22 entidades assinaram, um protocolo de cooperação para a concretização do projecto GISA - Gestão Integrada da Saúde e do Ambiente na Região do Litoral Alentejano.Este projecto visa implementar um sistema de gestão global de análise e controlo da poluição atmosférica na saúde pública. Dos seus objectivos destaca-se:
>Optimização da rede de monitorização da qualidade do ar;
>Utilização de bio-indicadores de poluição atmosférica para avaliar o seu impacte na saúde pública;
>Desenvolvimento de um sistema de alerta da qualidade do ar;
>Análise de risco do impacte da qualidade do ar na saúde pública.

Trata-se de um acordo histórico, cuja grande novidade é o engajamento das principais empresas, as autarquias, a administração central e instituições universitárias de reconhecida independência cientifica e competência técnica, tantas vezes de costas voltadas em questões ambientais.Lamentável a precipitada afirmação do vice-presidente da CCDRA de que “o projecto vai permitir desfazer alguns mitos sobre a poluição em Sines e na região.”Infelizmente o único mito que poderá cair por terra é que a poluição atmosférica gerada pelo Complexo Industrial de Sines contribui significativamente para a degradação da nossa saúde, ao contrário do que por vezes querem fazer crer.

O Homem planeia e Deus ri-se

O Orçamento Municipal de 2008 foi aprovado por maioria. A bancada socialista - excepto o Presidente da Junta do Porto Covo - e social-democrata votaram contra. Até aqui nada de novo
Mas eis que... a bancada comunista não vota unanimemente a favor. O presidente da Assembleia Municipal, Francisco Pacheco, eleito pela CDU não acompanha a votação do seu partido por uma questão emocional, que se prende com a venda do mercado municipal, dizem. Uma questão de consciência, penso.
Não parece nada de mais que um membro de um partido quebre a disciplina partidária, independentemente de estar esgotada a discussão partidária interna ou por uma questão emocional ou de consciência.
É de estranhar por suceder no PCP e particularmente no PCP de Sines, mais ainda se o voto contrário vem do Presidente da Assembleia Municipal e ex-Presidente da Autarquia
Após mais de 30 anos de poder autárquico, consubstanciado na mítica disciplina partidária comunista, eis que sugerem brechas nas muralhas da irredutível aldeia Gaulesa.
Da bancada CDU surgem neste mandato depois de um independente/dissidente um contestatário. Não é pouco, para quem nos habituou a nada.
Ao longo da última campanha autárquica Manuel Coelho, presidente da autarquia, acreditou e apostou forte numa Assembleia Municipal com maioria que lhe conferisse uma legitimidade acrescida, independência de humores abstencionistas do PSD e da real politic do Presidente da Junta de Freguesia de Porto Covo, eleito pelo PS. Está a começar a perder no partido o que logrou alcançar nas urnas.
Parece-me que a esta CDU falta uma oposição forte que fomente a sua coesão.

ver post "Estranha forma de vida" e "Estados de Alma, Francisco Pacheco e Manuel Coelho".

Sines no seu melhor

Confesso que tive alguma dúvida em publicar estes links, mas Sines também é isto.


http://br.youtube.com/watch?v=h7qHgos3OsQ

http://br.youtube.com/watch?v=p9-yJEvpSNA

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

nascer de novo

Ele há dias de mesmo muita sorte

Ele há dias de muita sorte

Ele há dias de sorte

É Natal, é Natal...

Fosse eu Pai Natal e ofereceria umas singelas lembranças aos nossos partidos locais. Não sendo limito-me a recomendar a leitura atenta das prendas que sugiro.

Câmara Municipal de Sines
Balbúrdia na Quinta, um hilariante filme de Steve Oedekerk e da Nickelodeon Movies, sobre o que acontece num celeiro quando o agricultor vira costas. Com uma elegante e divertida sagacidade os produtores deste filme de animação mostram-nos como da necessidade de responsabilidade nasce a coragem de ser líder.

CDU Sines
Rio das Flores, romance histórico de Miguel Sousa Tavares, editado pela Oficina do Livro.
Através da saga dos Ribera Flores, somos transportados para anos tumultuosos. Entre o amor comum à terra que os viu nascer e o apelo pelo novo e desconhecido, entre os amores e desamores de uma vida e o confronto de ideias que os separam, dois irmãos seguem percursos diferentes, cada um deles buscando à sua maneira o lugar da coerência e da felicidade. Relato apaixonado de amores, paixões, apego à terra e às suas tradições e, simultaneamente, à vontade de mudar a ordem estabelecida das coisas.

PS Sines
6 Graus – O nosso futuro num planeta em aquecimento, de Mark Lynas, editado pela Civilização Editora.
Relato impressionante e assustador do futuro do nosso planeta se o ritmo actual de aquecimento global persistir. Descrição do que sucederá à medida que a temperatura do planeta vai aumentando, em termos médio, até atingir mais 6 grau, transformando o planeta terra em algo forçosamente diferente do que hoje conhecemos.

PSD Sines
O Mundo sem Nós, de Alan Weisman, editado pela Estrela Polar
Neste livro o autor recria o Mundo sem a presença humana, os vestígios que permaneciam e quais os que desapareciam, qual a evolução das outras espécies. Este livro dá-nos uma ideia, com base cientifica consolidada do que seria o legado da Humanidade da sua passagem pelo planeta Terra.

Aos Boys, Boyzinhos e candidatos
A Lei da Atracção, de Michael J. Losier, editado pela Ideias de Ler
A sinopse deste “fabuloso livro fala por si:
Quer ganhar mais dinheiro? Conseguir o emprego ideal? Rodear-se de pessoas que aumentam a sua auto-estima?Tudo o que precisa é de se concentrar no seu desejo, acreditar nele com toda a força e deixar o resto a cargo da Lei da Atracção! E o tempo que o seu desejo demora a realizar-se só depende da sua capacidade de permitir que isso aconteça.E agora que o Segredo foi revelado, comece já a colocá-lo em prática, seguindo os conselhos preciosos e realizando os exercícios simples que este livro lhe oferece!

A todos Boas Festas

“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 21 de Dezembro de 2007.”

Centro Histórico de Sines

Centro Histórico
Em reunião de Câmara foi aprovado o projecto de Regulamento de Requalificação do Edificado do Núcleo Antigo de Sines.
O documento espelha uma manifesta vontade da autarquia, através da sua competência legisladora, de travar a degradação do centro histórico de Sines, induzindo a intervenção dos proprietários.
Institui benefícios fiscais para quem proceda à reabilitação dos edifícios, reforça os referidos benefícios com vista a estimular o arrendamento e penaliza quem não recuperar os prédios mais degradados, num prazo de um ano e incentiva a compra/venda desde que o comprador proceda a obras num prazo de 2 anos.
Independentemente das boas intenções, este documento é pouco ambicioso, pois não originará a recuperação de um número significativo de habitações, não devolverá os moradores ao Centro, logrando alcançar apenas uma maior colecta de impostos por parte da autarquia, não sendo este o objectivo que se pretende alcançar. Para além de que não contempla nenhum, mecanismo de salvaguarda, do agravamento de 50% do IMI, de quem por questões económicas não poderá manifestamente proceder às obras necessárias nem introduz benefícios para quem sempre manteve a sua habitação condigna. "Manter inalterado o documento apresentado é beneficiar quem não fez, penalizar quem não fizer (independente do motivo) e ignorar os cumpridores.
Sem dúvida que este documento merece uma reflexão, não tanto em relação às medidas em si, mas sobretudo sobre o objectivo mais vasto de que este documento é parte.
A revitalização do centro histórico depende da sua capacidade de atracção não apenas habitacional, mas principalmente como centro de encontro e de lazer da cidade, em que a requalificação habitacional é apenas uma parte, e nem será a mais importante. É necessário a reposição da circulação automóvel a partir do início da Rua Cândido doa Reis, criação de estacionamento cm cave ou altura, estimulação e incentivo a estabelecimentos comerciais, restauração, cafés, bares, esplanadas, alargamento dos horários de funcionamento nocturno e negociação da instalação de espaços âncora como serviços públicos, instituições bancárias, etc, doutro modo até podíamos ter um centro recuperado mas vazio.
A alavanca de revitalização do Centro Histórico já não será feita por via dos moradores e suas habitações, pois esses encontram no anel envolvente melhores preços c condições de habitabilidade. A melhoria do edificado do centro histórico terá que ser uma consequência da atracção da localização e dinamismo social deste.

Oposição
O PS Sines denunciou em conferência de imprensa um conjunto de investimentos não realizado pela maioria CDU. Mesmo numa localidade em que temos uma oposição amorfa, não é novidade a oposição reclamar o que o executivo camarário prometeu e não cumpriu.
Todos os partidos prometem no acto eleitoral, quem ganha fica com a responsabilidade de cumprir, depois o dinheiro não chega, a obra não se realiza, a oposição queixa-se e é este o ciclo interminável da política local.
Ao contrário do que seria razoável, ao longo das campanhas eleitorais, nunca os partidos políticos explicam com que dinheiros vão fazer os investimentos prometidos. Chegados ao poder, orçamentam do lado da despesa, promessas incluídas, e depois "inventa-se" receitas, claramente empoladas, tradicionalmente por via da previsão de venda de património, que nunca se realiza na dimensão anunciada.
Falta ao PS local, enquanto única alternativa ao poder eleito, apresentaram orçamento alternativo, demonstrando como cumpriria o seu programa eleitoral, sem se preocupar em ser politicamente correcto, assumir onde reduziria as despesas e quais os investimentos que não realizaria por falta de verbas, este é o ónus de ser oposição. Porque para ser politicamente correcto e elaborar orçamentos que se limitam a cumprir a legislação e as promessas eleitorais, existe o poder eleito.


“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 9 de Novembro de 2007.”
Indicadores e Rácios, esse Mistério

Para entender os indicadores e rácios, que os políticos tantas vezes tomam emprestados da economia, prostituindo-os a seu bel-prazer, devemos que conhecer os dados que lhe dão origem. Ainda há poucos anos uma multinacional apontava o aumento da produtividade como o grande feito do ano. Por trás deste indicador, que resulta da produção obtida e dos factores produtivos nela utilizados num determinado período de tempo, estavam despedimentos em massa e não um aumento da produção. Efectivamente, houve uma melhoria do rácio da produtividade, mas com um elevado custo social.
Da mesma forma o facto de Sines ser o segundo concelho do País com maior recolha de impostos resultante de derramas (imposto autárquico que constitui um adicional à colecta de IRC) per capita, encerra algumas questões:
Temos muitas empresas no Concelho, ou por outro lado temos poucos habitantes, resultante da perda de atractividade de Sines enquanto destino habitacional?
Somos um Concelho com um tecido empresarial forte constituído por pequenas e médias empresas geradoras de trabalho e riqueza de forma sustentada ou concentramos um reduzido número de grandes empresas?
Comparativamente com outros concelhos geram as empresas do nosso concelho mais lucro ou pagam mais imposto, uma vez que a autarquia cobra a taxa máxima permitida? Sendo o 2o Concelho do País cuja autarquia recebe mais derrama por habitante, tratando de um concelho geograficamente muito pequeno regular vendedor de património, apesar de investimentos avultados nos últimos anos, não deveríamos ter uma autarquia que não condiciona os investimentos necessário devido à falta de verbas?
Fora eu da oposição e juro que cruzaria os recebimentos e o endividamento per capita e inventaria um indicador, comum nome adequado, que demonstre de forma eloquente, como só os políticos sabem, que Sines tem a pior relação recebimentos/endividamento do País se não tivesse, inventaria outro indicador qualquer.

No devido lugar
Oiço na rádio a mais improvável notícias: A oposição do Presidente Câmara Municipal de Sines originou a deslocalização das instalações da Galp Power para o lugar que os instrumentos de gestão territorial definiram. Vergar um governo socialista, rendido aos PIN's cuja imagem de marca é cada vez mais a inflexibilidade, é obra, digo eu.
A notícia seguinte falava de um fiscal de linha que no estádio da Luz teimou em dizer o que viu, independentemente da vontade das restantes 30, 40 mil pessoas presentes. Em ambos os casos a rádio omitiu o nome destes Davides lutando contra Golias. Pouco importa, pessoas destas só podem ter um nome - Coragem.

“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 26 de Outubro de 2007.”
Estranha forma de vida

1. Um Caso de dupla personalidade

A dupla personalidade está clinicamente bem documentada e chegou ao grande púbico muito devido ao contributo de Hollywood, com o lendário Dr. Jelkyll e Mr. Hyde e toda uma infindável lista de serial killers que espalham o terror de noite e levam os filhos à escola pela manhã. Não confundir este distúrbio de personalidade com os vira-casaca ou troca-tintas, figura existente em todos os estratos e vivências sociais, movidos por um irresistível impulso social ascendente - vulgo, subir na vida.
Vem isto a propósito das mais recentes manifestações de dupla personalidade do Partido Socialista.
Enquanto o Primeiro-ministro afirma que o desenvolvimento do país não assentará nos baixos salários, a Oriente o seu Ministro das Finanças procura aliciar os investidores precisamente com base no reduzido custo salarial; é a reposição, com piores actores da rábula protagonizada por Ivone Silva, ora costureira, ora patroa. Por cá, enquanto o Director do Centro de Emprego afirma que criar em Sines um centro de formação - antiga aspiração da população - é um exagero, o PS local queixa-se que Sines não tem revelado capacidade para fixar os jovens. Porque será?

2. Silêncio dourado
O anterior presidente da Junta de Freguesia de Porto Covo (JFPC), eleito pelo PS, aprovou e viabilizou diversas vezes os orçamentos municipais do executivo CDU, negociando vantagens e contribuindo para o bem comum da sua Freguesia.
O actual presidente da JFPC, Manuel Arsénio fez o mesmo mas com uma particularidade, assumiu-o. Ao afirmar "há compromissos assumidos entre a Câmara e a Junta que são úteis ao Porto Covo e com base nisso votámos a favor" (note-se o pormenor - "votámos", nós o Porto Covo e não votei) e quanto ao projecto do mercado, viabilizado pela aprovação do Orçamento, disse: "é um assunto que nos passa um pouco ao lado. O nosso objectivo é torcer pelo Porto Covo".
Ao trazer o "queijo limiano" para a política local, e ao afirmá-lo publicamente, choveram críticas apelidando-o de ingénuo e inocente.
Inteligente e frontal, digo eu. A política é feita de compromissos, legitimados pela defesa dos superiores interesses da população.

3. O Tempo e a razão
Os executivos camarários submetem a votação as Grandes Opções do Plano (GOP) e o Orçamento Municipal.
Como nunca gostei de ter razão antes de tempo - falta-me vocação para incompreendido - imaginem o problema que foi, quando há uns anos sendo vereador na oposição votei a favor as GOP.
Facto inédito, quando votar contra era obrigação da oposição. Sob o jugo da desconfiança, poucos quiseram ouvir-me argumentar que as GOP traduziam praticamente todas as aspirações e projectos que o PS, havia defendido nos seus programas eleitorais. Como se pode votar contra um documento onde a autarquia se propõe construir habitação social, escolas, dinamizar a economia, combater a poluição, etc? Na assembleia municipal os deputados PS votaram contra as GOP, e logo de forma contrária, aos vereadores do seu partido.
Este - ano os vereadores e deputados do PS abstiveram-se. Algo está a mudar para melhor neste PS. Que bom seria ter razão antes de tempo.


“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 2 de Fevereiro de 2007.”
A horta urbana. Essa Instituição!

Os metros quadrados de hortas urbanas e clandestinas por habitante, deveria ser um dos indicadores de desenvolvimento humano. Existe em nós, portugueses, um sentimento atávico de exigir de todos os pedaços de terra algo em troca, como se a natureza estivesse em dívida connosco. Transformar canteiros em pequenas hortas, plantar couves no jardim da vivenda ocupar terrenos públicos, é um acto legitimado pela passividade das autoridades.
Uma horta requer vedação e arrecadação, construídas com redes de pesca, paletes, telhas de zinco, sucata diversa. Mais, um "horteiro" que se preze têm a sua criação - galinhas, coelhos, porcos, etc - e respectivas casinhotas.
A ocupação de espaços púbicos com a aprovação tácita ou consentimento formal das autarquias, para além do impacto visual de degradação e questões de saúde pública, traduz um sentimento de injustiça e desconfiança sobre a sua atribuição e/ou autorização.
Tal como quem nasceu próximo do mar sente o seu apelo, quem nasceu para a terra necessita do seu contacto. Com o advento da migração dos meios rurais para os centros urbanos, muitas pessoas, sentiram a necessidade de "arranjar" uma horta. Mas a par destes, coexistem, os chico-espertos, estes apressam-se a transformar o zinco em alvenaria, a arrecadação em moradia, o provisório em definitivo, alegam morada e quem sabe por direito conquistam uma habitação, ou o reconhecimento legal da posse do terreno que ocupa. Depois recomeça, arranja um terreno de "ninguém", instala-se, planta......
Para acabar com as hortas urbanas, arbitrárias, mal amanhadas e quantas vezes mal; intencionadas, é necessário a autarquia criar um parque de hortas colectivo, constituído por uma área devidamente planeada e atribuir terrenos de acordo com critérios definidos.
Estes parques cumprem funções:
Pedagógicas - as crianças deixam de pensar que a fruta nasce nas prateleiras dos supermercados
Lúdico/terapêutico - contribuem para a ocupação dos tempos livres e criam um sentimento de utilidade, nomeadamente em indivíduos de idade mais avançada
Económico - podemos ter dificuldade em aceitar, mas estes pequenos espaços tem um peso significativo em orçamentos familiares diminutos.


“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 20 de Janeiro de 2007.”
Estados de Alma

Francisco Pacheco e Manuel Coelho
são duas figuras incontornáveis da política Siniense. Longos anos de poder maioritário, faz com que cada um á sua maneira marcasse Sines de forma indelével.
Separados por um mar de diferenças, o aparelho partidário e a lógica de manutenção do poder fornecem o combustível necessário para evitar lutas fratricidas.
Enquanto Francisco Pacheco emana carisma desde a primeira hora, Manuel Coelho adquiriu-o através do poder; o primeiro é um político hábil que age por intuição, astúcia e afectividade, já Manuel Coelho revela-se mais cerebral, tomando decisões de forma a minimizar eventuais ciscos. Se o actual presidente procura consensos evitando a confrontação, com poderes superiores, o anterior assume carácter de combatente, usando como arma de arremesso o povo e a sua força de cada vez que fareja a prepotência de poderes maiores.
Quando Manuel Coelho não evita a crispação e impaciência - o seu maior defeito político - perante o antagonismo da oposição, Francisco Pacheco demonstra uma atitude desconcertante, quase paternal, com a oposição. Francisco Pacheco mais popular, ostenta uma vertente mais saudosista e forte ligação umbilical à raízes Sinienses, Manuel Coelho mais elitista detém uma visão progressista e urbana da cidade. Naturalmente condicionados pelos respectivos contextos temporais, onde um era inspiração, o outro é transpiração. Separados à nascença, convivem pouco convictos, até que algo mais que o Mercado Municipal os separe.

Assembleia Municipal, sobre o CCEN e o Mercado Municipal, cheia de muitos interessados e alguns interesseiros. Com algumas - raríssimas -, excepções a Oposição apresentou-se sem chama, sem rasgos com intervenções a raiar o medíocre. A CDU com mestria assumiu o papel de poder e oposição, esgotando o papel dos adversários políticos. Fê-lo sem comprometer a união ou pelo menos criar divisões insanáveis. Aos que acreditam em votos CDU ao lado do PS e PSD no momento da decisão, um conselho: a ingenuidade não è um defeito, excepto quando em excesso.
Em Sines a CDU continua a marcar a agenda política. Não se conhecia a opinião da oposição relativamente ao mercado municipal, assim como não se conhece relativamente ao destino do estádio municipal, do parque campismo, etc.
A oposição continua a não definir as suas ideias força, age por reacção e não por antecipação. Perguntem aos socialistas e sociais-democratas sobre política local e invariavelmente o que sobra de críticas ao executivo falta em ideias. Diz-nos a história que regra geral não são as oposições que ganham as eleições, mas quem está no poder que as perde. Tirem as ilações para Sines.


“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 25 de Novembro de 2006.”
Estados de Alma
Grandes Portugueses
O novel programa da RTP, talvez por não conhecer o seu regulamento, levanta-me algumas dúvidas pertinentes.
Comecemos pela definição de "Grandes". O indivíduo torna-se "Grande" pelos seus feitos e obras, pelo impacto que induz na história e na sociedade, pelo seu contributo para o desenvolvimento em alguma área. Compreendendo o sentido lato de "Grande" temos que aceitar personagens históricas como Oliveira Salazar, ou ainda compreender que de acordo com uma sondagem feita na Alemanha actual, Hitler foi considerado a figura mais marcante da história do séc. XX e figurava entre as 10 maiores de sempre da história da humanidade. É inegável que Adolf Hitler é a "maior" personagem do séc. XX, pela forma como marcou e mudou o mundo no seu tempo cujo impacto se propaga até aos nossos dias. Moral da história nem todos os "Grandes" tem que ser bons pois existem "Grandes" maus.
Quanto a Portugueses", três dúvidas;: poderemos votar em Viriato, ou temos que esperar pela constituição do Condado Portucalense para votar em Cristóvão Colombo, ou será Cristobal Colón, tendo a possível ironia de um dos maiores portugueses ser espanhol ou italiano; e então o outrora território ultramarino também conta, se Eusébio é considerado português porque não Xanana Gusmão ou Ramos Horta. Enfim quando se fala de Portugal e de um País com 800 anos de história nada pode ser linear.

Grandes Sinienses
De forma arbitrária e assumindo a impossibilidade, por meu desconhecimento de mencionar todos que merecem, não resisto a escrever aqueles que a memória denuncia logo que penso em grandes figuras de Sines: o poeta Al Berto, o navegador Vasco da Gama, a escritora e romancista Cláudia de Campos, o liberalista Daniel de Sines, o fotógrafo Nuno Cera, a escritora de literatura infantil Arlete Argente Guerreiro, o hoquista Ricardo Pereira, o futebolista João Martins, o desportista Carlos Manafaia, o pintor Emmerico Nunes, segundo julgo saber existiu um siniense que logrou alcançar o estatuto de atleta olímpico, etc. Não são poucos atendendo à dimensão de Sines e considerando que algumas destas figuras passaram as fronteiras da região e projectaram-se a nível Nacional e Mundial.

Grandes Anónimos
A nós pequenos ou anónimos, que não se “...vão da lei da morte libertando” como dizia Camões ou não somos “bigger than life” como adora a filmografia americana, resta-nos a possibilidade e orgulho de conhecermos a vida e obra e até poder privar com alguns dos “Grandes”.

“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 9 deSetembro de 2006.”

Imagem obtida dia 2 de Novembro de 2006 e publicada na revista Visão de 9 de Novembro do mesmo ano, com o título "Temporal – Na Avenida Vasco da Gama em Sines"
Estados de Alma
It’s the economw, stupid.

Central de Ciclo combinado de Galp Power em Sines - Vale Marim
Li recentemente o "Estudo de Impacte Ambiental". O que fundamentalmente nos interessa resume-se a um parágrafo: "O estudo realizado permitiu concluir que os impactos são globalmente, e quanto aos aspectos biofísicos relacionados com a qualidade ambiental, reduzidos, não produzindo impactos ambientais negativos.", A Unidade industrial de Moagem, Armazenamento e Expedição de Cimento em Sines, era igualmente um projecto sem riscos ambientais, resumia-se ao transporte, armazenagem e moagem, em condições estanques de clínquer. Constatámos da pior forma que não é assim.
Continuo a acreditar, como demonstram muitas unidades industriais pela Europa fora, que desenvolvimento industrial pode rimar com reduzidos impactos na qualidade de vida das populações. Contudo, creio que tal não é possível em Portugal, onde se continua a sobrepor os interesses económicos aos interesses das populações, a sociedade civil que salvo honrosas excepções - conhecidas também como forças de bloqueio - permanece impávida e serena, as associações ambientais sem capacidade de intervenção e mobilização e a ausência de fiscalização eficaz, contribuem para o actual estado de coisas.
Em Sines continuamos sem monitorização da poluição nem estudo epidemiológico. Os custos para a sua realização são de tal forma elevados que menos de 1% dos resultados económicos, das principais empresas do complexo industrial de Sines seriam suficientes para efectuar estudos e manter a monitorização, mas tal atitude despesista poderia comprometer o cumprimento do défice, esse grande desígnio nacional.

Mercado Municipal
Sines mudou de forma irremediável nos últimos anos. Desapareceram símbolos da memória colectiva como o centro histórico, o cinema e agora possivelmente o mercado municipal. Por outro lado surgiram novas referências; as piscinas municipais, o centro de artes, novos bairros, etc. É sabido que todos os processos de mudança geram resistências, em Sines implantou-se a modernidade sem salvaguardar a memória. E todos sabemos o que acontece aos povos sem memória. A condução do processo de requalificação (???) do mercado municipal tem tudo aquilo que a autarquia critica, e bem ao governo central: negociação silenciosa à margem dos interessados, decisão não participada e imposta. Esta falta de sensibilidade, leva a acreditar nos mais críticos, pois até prova em contrário, a questão económica falou mais alto.

Nota final:
Em democracia o que não se resolve nas urnas pode sempre resolver-se na Justiça. Existem mecanismos legais - impugnação judicial, providência cautelar, acção popular - ao alcance das populações fazerem valer os seus interesses. No nosso país excepto Sá Fernandes, poucos tem revelado a coragem suficiente para desafiar poderes superiores.


“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 4 de Novembro de 2006.”
Estados de Alma
Os suspeitos do costume


Intrigava-me como um povo acomodado e adverso à mudança têm aceitado com relativa passividade um conjunto de reformas que vão bulindo com o Pais. Fazendo uma retrospectiva das várias reformas, observa-se uma forma comum de actuação do actual Governo. Através duma obscura declaração pública uma figura de segundíssimo plano profere uma declaração acusatória do género:" os professores são a profissão com mais baixas fraudulentas"; "Com o endividamento actual das autarquias não é possível cumprir a meta do défice " a nível europeu os nossos magistrados são aqueles com maior número de dias de férias", etc. Retira-se o orador, espera-se que a inveja típica dos Portugueses e o dedo acusatório sempre em riste entre em acção e eis que surge um Secretário de Estado, Ministro ou o próprio D. Sebastião a anunciar um conjunto de medidas para pôr a bandidagem - entenda-se, todos os portugueses - na ordem e salvar o País.
Concordo com parte significativa das reformas propostas pelo actual Governo, abomino a sua estratégia. Trata-se de dividir para reinar, despertando os sentimentos mais mesquinhos da natureza humana - maledicência, inveja e intriga. Quando as associações e sindicatos vêm explicar a instabilidade profissional e apontar os salários dos professores como os mais baixos a nível europeu; quando descobrimos que os magistrados portugueses trabalham em condições de terceiro mundo; quando se prova que as autarquias não contribuem com um cêntimo para o défice e que somente cinco das empresas públicas, quantas vezes, autênticos albergues da corja de filhos e afilhados do poder têm um divida superior à totalidade dos municípios portugueses, já a populaça instigada pelo Governo "sabe" que se trata de malandragem incorrigível, apoiada pela oposição.
Espera-se assim suster a contestação social, esquecendo-se que as mudanças fazem-se com e não contra os indivíduos. Mas o povo é sábio e tarde ou cedo vai descobrir, este segredo de Polichinelo.

“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 21 de Outubro de 2006.”
Estados de Alma
O endividamento, as dívidas e a antecipação de receitas

Numa movimentada avenida de Nova Iorque da pós-guerra, existiram três restaurantes muito semelhantes em termos de dimensão, clientela, preços e restantes variáveis que condicionavam o seu desempenho. Com o advento dos mercados financeiros e a consequente facilidade de recurso ao crédito, cada um tomou uma opção diferente.
Um deles, porque não adivinhava nos filhos o desejo de continuar no ramo o porque o seu espírito conservador nunca aceitou trabalhar com o dinheiro dos outros, não ponderou recorrer ao crédito. Outro porque viu no crédito uma forma de obtenção de dinheiro fácil a juros baixos, endividou-se, trocou de carro, mulher e começou a passar férias na Flórida. O terceiro, endividou-se para modernizar e expandir o seu negócio.
Esta pequena e verídica história é o relato de uma das maiores cadeias de restaurantes do mundo e demonstra a consequência do destino diferente dado ao endividamento.
Tive o prazer de conhecer um empresário português, a quem a idade não roubou a clarividência nem a irreverência que fizeram dele um dos mais respeitados portugueses junto da alta finança. Quando confrontado pelos seus gestores sobre o crescimento dos custos nas suas empresas, invariavelmente respondia-lhes: "não temos que poupar. Temos é que facturar mais". E com um sorriso tranquilizava-os: "os custos estão controlados e são necessários ao nosso crescimento". Quando surgiram os primeiros apoio comunitários contraiu uma das maiores dívidas, que o sistema monetário português conhecera até então. Os subsídios a fundo perdido representavam uma possibilidade ímpar de alavancar capital, como nunca se vira até então. Os subsídios a fundo perdidos na ordem dos 50%, permitiram-lhe investir o dobro daquilo que pedia emprestado. Consolidou desta forma um império que continuará por muito tempo, tal a sua dimensão. Muitas vezes recordo uma das suas afirmações favoritas: um grande gestor é aquele que sobe transformar uma grande dívida num grande negócio.
Aprendi que o importante não é o endividamento, mas a sua finalidade. O endividamento, tal como a antecipação de receitas (créditos) constitui uma oportunidade e é uma ferramenta de gestão, tudo depende de quem gere a divida e da sua aplicação. Contrair uma divida, muitas vezes é a solução de aproveitar uma oportunidade irrepetível.
Se quisermos conhecer os maiores devedores, encontrá-los-emos junto das maiores e mais bem sucedidas empresas e empresários.


“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 17 de Setembro de 2006.”

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Estados de Alma

Politica em 3 Actos


É consensual o afastamento dos portugueses da coisa politica.
É notória uma certa crispação social em relação aos políticos.
É generalizado o sentimento de descrédito na política e nos políticos.
Acto I - "O que dizem"
Numa recente entrevista o ex-presidente da República Jorge Sampaio, manifestou-se profundamente indignado afirmando que o seu filho, após um estágio e o consequente convite, para trabalhar na Portugal Telecom não aceitou, porque não queria ser "aporcalhado" (sic).
Estranhamente a irmã deste jovem rapaz, nomeada como assessora de um ministério, assim como milhares de boys não se sentem aporcalhados ao ponto de prescindir das nomeações. Acto II - "O que fazem"
Chegam-nos exemplos de todo lado de que as eleições autárquicas são, cada vez mais, a eleição de um candidato e não de uma equipa ou projecto. Quando votamos desconhecemos quem será o vice-presidente, a quem serão atribuídos os pelouros e a maioria nem conhece o programa eleitoral do partido em que vota. Regra geral votamos no candidato, no indivíduo que conhecemos e confiamos. Até ao dia em que percebemos que não é assim, os partidos mandam nos presidentes e consequentemente nas autarquias. Imaginem que em Sines, acontecia como em Setúbal, os eleitores CDU, acordavam um dia, e o presidente que tinham escolhido mudara. Por decisão partidária era agora um dos vereadores, Sentir-se-iam legitimamente defraudados e quem assumisse a presidência dificilmente poderia augurar um promissor futuro político a nível local.
Acto III - "o que pensam"
Recentemente embalados pela aprovação unânime do Plano de Urbanização de Porto Covo, a oposição lembrou-se que agora falta elevar Porto Covo a Vila. Ou desconhecem a legislação que rege estas matérias, ou tem uma expectativa de um crescimento de eleitores no Porto Covo, absolutamente absurda.
Durante os anos que estive, primeiro, na Assembleia Municipal e mais tarde como Vereador uma das constatações, foi a falta de tempo, para quem está na oposição, de preparar matérias cada vez mais complexas.
o que contudo, não desculpa a ignorância u ingenuidade de certas afirmações.
A que se deverá o afastamento da sociedade civil em relação à Politica.

“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 9 deSetembro de 2006.”
Estados de Alma
Sinal(ais) do(s) Tempo(s)

Após férias, tão longe e longas quanto o orçamento familiar permitiu, aterro estremunhado após 11 horas de voo atribulado, na Portela. Se um taxativo "no water or anything liquids" no embarque não me surpreende - obrigado CNN - já o mesmo não posso dizer das notícias caseiras.
» Vasco da Gama encerra o futebol sénior.
Após longo e honroso historial, umas finanças decapitadas e uma excessiva dependência da autarquia, fruto de várias direcções, resultou no pior dos desfechos. Resta pensar o que cada um fez para que tal não sucedesse. Sines e a sua sociedade civil ficam com um divida para com o VGAC e os seus Homens. Mas este também é um aviso à navegação. Um sinal dos tempos.
» Igreja de Nossa Senhoras das Salvas, transformada em Museu.
Sem pretender ajuizar sobre a necessidade de recuperação do imóvel e a opção museológica, resta-me a análise factual. Mandada construir por Vasco da Gama como local de culto e desde sempre ligada ao mar, perde a função para a qual foi construída e oferecida a Sines, sem o mais pequeno bulir da população ou dos homens do mar. Sinais do tempo.
» 15 de Agosto.
Ao longo dos anos assisti várias vezes à procissão de Nª.S. das Salvas no mar, a partir da praia Vasco da Gama envolto numa multidão de banhistas. Agora em pleno Verão, com uns envergonhados 20 graus, resta a praia deserta a testemunhar a procissão. Sinal do tempo.

Duma assentada, D. Vasco da Gama, o mais nobre filho da terra, perde um clube de futebol profissional, uma Ermida e vazam-lhe a Praia, enquanto a sociedade civil assiste impávida e serena. Definitivamente os tempos, mudaram.
Vinte e quatro horas depois das Caraíbas, e após um banho de realidade, só me resta as fotos e o maldito jet-lag de recordação.
“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 4 de Fevereiro de 2006.”

imagens



Imagens recolhidas em Maio de 2006, tendo a última sido publicada na revista Visão de 7 de Junho do mesmo ano, com o título "Poluição sobre a Baixa de São Pedro, em Sines"
A ex-futura Refinaria Vasco da Gama

Desde a década de 70 do séc. XX, tem sido recorrente o anúncio de grandes investimentos para Sines, gerando legítimas ex­pectativas. Muitos deles ficaram pela intenção ou pecaram por defeito, tornando-se projectos adiados ou amputados na di­mensão anunciada.
Contudo três décadas e meia de desenvolvimento industrial, originaram profundas transformações sócio-económicas e ambientais, sendo hoje Sines uma pequena cidade multiétnica, com tiques cosmopoli­tas e indicadores económicos su­periores à média nacional, mas que, por outro lado, geraram tensões e desenraizamentos sociais, especulação e níveis de poluição preocupantes.
Assim, não é de estranhar que a maioria dos Sinienses aplauda o novo investimento e simultaneamente à diminuição do nível de poluição. Infelizmente, em 35 anos, aprendemos que monitorização e fiscalização da poluição e empresas não fazem parte do léxico político, sem tradução no terreno, onde apenas as normas comunitárias trouxeram alguma esperança.
Durante anos o poder local apontou no turismo a par da indústria como modelo de desen­volvimento, sem querer aceitar que o caminho a trilhar não é decidido nos Paços do Concelho, mas no Terreiro do Paço e nas salas de reunião dos grandes grupos económicos como comprova o facto de a autarquia ter tomado conhecimento do actual investi­mento, como um dado adquirido, quando grupos económicos já se tinham, entretanto, movimentado no xadrez político.
Com a construção de uma mega-refinaria, a aposta turística, que não seja alicerçada no turismo de negócios, não passa de um sonho romântico, com a Praia Vasco da Gama como triste pano de fundo. Esta certeza encerra novos e velhos receios e desafios.

Sines e áreas limítrofes têm sofrido os efeitos da poluição gerada por todas as empresas do Complexo Industrial, que em menor ou maior grau, mais ou menos vezes, não cumprem ou deixam de cumprir as normas a que estão obrigadas.
A construção da nova refinaria deve ser encarada como uma oportunidade de assegurar:
- A realização de um estu­do epidemiológico; que deter­mine os efeitos da poluição ge­rada no complexo industrial so­bre a saúde das populações cir­cundantes, pois, manter o ac­tual estado de desconhecimento é inaceitável;
- A monitorização e fiscalização do desempenho e cumprimento das normas ambien­tais por uma entidade independente;
— A correspondência da unidade aos mais modernos e exi­gentes sistemas de produção, podendo «forçar» as restantes unidades a seguir o seu modelo.

Conheço as promessas não cumpridas, a forma impune co­mo se polui, a impotência da au­tarquia e dos políticos locais para solucionar estes problemas, daí que o meu optimismo não resulte da ingenuidade mas da existência de unidades de re­finação noutros países, que cumpridoras das regras ambien­tais, não sendo inócuas, são compatíveis com uma elevada qualidade de vida e respeito pe­lo meio ambiente.
Um novo centro de saúde, uma unidade de queimados no Hospital do Litoral, adequar os Bombeiros Voluntários para responder a um acidente indus­trial de larga escala, informar e preparar a população para planos de emergência devem passar a ser realidade e não objecto de constante reivindicação.
O aumento populacional resultante de um novo êxodo mi­gratório provocará tensões sociais acrescidas, numa sociedade que começa a dar sinais evidentes de insegurança, e torna necessário o reforço das forças policiais e sua adequação a uma cidade cada vez mais urba­na e complexa.
Colocar a possibilidade da existência de quotas de empre­go e trabalho para os Sinienses e suas empresas, no novo investimento, seria não só discricionário, como contraria uma politica baseada no mérito.
Aos Sinienses devem ser cria­das as condições necessárias para ser competitivos no mercado de trabalho, por mérito próprio e não de mão estendida.
Após a construção, seguir-se-á a fase de laboração, mais exigente em especializa­ção e formação. A resposta passa por uma parceria entre o investidor, autarquia, IEFP e empresas locais, no sentido de;
- Reforçar a formação técnico-profissional nas áreas impor­tantes para o funcionamento da nova unidade industrial;
- Incentivar a criação de um Instituto Politécnico, liga­do às actividades do complexo industrial de Sines;
- Apostar no desenvolvimento baseado num cluster energético, que capte investidores que apostem em I&D em energias renováveis, aproveitando as condições naturais existentes, como os ventos, o eleva­do número de horas de exposição solar e as marés.


“Texto publicado no semanário Expresso, em 5 de Novembro de 2005.”
Post-It
Equívocos


Papá
Desde há muito que as discussões tinham ultrapassado o razoável entre pai e filho, com a mãe invariavelmente a dirimir a favor do segundo, roçando a agressão física, quando não mesmo se consumava.
-Os teus amigos são uns drenados e bêbedos! Dizia-lhe o pai.
-Não sei quem bebe mais, retorquia com desdém Alex.
-Tem calma, os rapazes agora são assim, gostam de se divertir e de vestir roupas modernas, as coisas mudaram. - Aquiescia a mãe.
Mas as calças de ganga rasgadas, os brincos e os chapéus e pala dia e noite, eram a indumentária de vândalos, a música hip-hop coisa de drogados e bêbedos, e nisto o Sr. Clemente não cedia um centímetro.
Alex era um jovem adolescente sereno, nada dado a confusões, daí a estranheza dos seus amigos quando o viram uma noite, ao fundo da rua, a ser espancado por um desconhecido, uns bons 30 anos mais velho.
A debandada rua abaixo depressa se transformou numa saraivada de socos e pontapés, que se abatiam sobre o desconhecido, enquanto Alex, com as mãos na cabeça gritava:
'Parem ! Parem! Paaaareeeem! É o meu pai!"
- Drogados, bêbedos e vândalos!
- O teu pai tem razão, devias procurar outro tipo de companhias.

Ingénua!?
O desenvolvimento industrial, chutara a família do campo para a cidade, o pai trocara a sementeira e a monda, pelo torno e a rectificadora, a mãe deixou a apanha do tomate pelas limpezas em casa das Srs. Engenheiros e o filho o jogo de bola solitário na eira e as corridas pelas veredas, pelo consumo de droga. Dona Gertrudes ingénua e crédula até doer; passava os dias atarefada no seu trabalho, na lida da casa e no jantar atempado, para que nada estivesse em falta no regresso do seu marido da tasca. Apesar de já ter ouvido falar que a droga dos moços novos era pior que o vinho que corria para o buxo dos pais, nunca lhe ocorrera que o filho não só consumia como traficava. Mas de tanto falatório já não restavam dúvidas. Como toda a mãe depressa assumiu a defesa do filho, descobrindo virtudes inexistentes." O meu filho pode ter muitos defeitos, mas olhe que eu já vi muitos rapazes darem-lhe dinheiro para a droga e ele, para não os prejudicar, fica com o dinheiro, mas não lhes dá a droga", contava com indisfarçável orgulho às vizinhas. Nunca entenderemos onde acaba a ingenuidade e começa o amor de uma mãe destroçada.

Ladrão relapso
Eram o tema da praça central, dizia-se que os constantes assaltos, a toda a sorte de estabelecimentos e casas, tinham de ser coisa de profissionais. O arrojo e a calma demonstrados pela "assinatura" dos larápios eram coisa de gente habituada nenhum ladrãozeco teria a desfaçatez da fazer as suas necessidades após cada assalto no local do roubo. Enquanto a par da sua fama crescia o temor da população e a polícia escassa em meios e elementos era impotente para travar aquele que entraria para a história local como o ladrão do cagalhão.
Uma noite quando a chegada do Verão e dos turistas, substituíra as conversas na praça central e o afamado ladrão não passava de conversa de rodapé, a policia fora alertada para a estranha movimentação num estabelecimento. Armando, meliante com ficha na policia, nunca tinha ido além de pequenos furtos, - mais por ocasião do que por ser ladrão - virava a uma esquina quando um encapuzado em fuga esbarra consigo. Atordoado no chão, ainda assim, consegue distinguir três policias a segurarem Tozé, ladrão de vasto curriculum, a esbracejar, enquanto grita:
- Fomos apanhados!
Dias depois o "Jornal da Vila" rezava na sua primeira página: "Ontem cerca da 23 horas, na Rua Direita, a policia deteve após intensa perseguição o bando de malfeitores que há muito vinha a atormentar a nossa pacata localidade e autores de tão peculiar quanto conhecida assinatura. O Sargento Vinhas, afirmou a este jornal, que dos dois indivíduos detidos, Tozé Sardinha, permanecerá solto com termo de identidade e residência, em virtude de ter confessado e colaborado com a Justiça, nomeadamente, denunciando o seu capanga. Ainda de acordo com a nossa fonte o outro meliante, Armando Justo, não só teimava em não confessar, como revelou-se extremamente agressivo para com as autoridades como com o seu colega de pilhagens, ficará em reclusão a aguardar o julgamento, pois tudo aponta para que seja o cabecilha desta dupla.

“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 5 de Novembro de 2005.”
POST – IT

O post-it, aqueles papelinhos amarelos (existem noutras cores, mas para o purista, tal como os carros de bombeiros são vermelhos, os frigoríficos brancos, o post-it é amarelo), que se cotam algures, com rascunho de horas, gatafunhos ou iniciais em código que ninguém percebe, sempre exerceram um fascínio sobre mim. É como se pedíssemos licença para estacionar um pouco as nossas preocupações, naquela superfície. "Epá, não me esqueci, tenho colado mesmo ao lado do monitor." E pronto, está resolvido. Vivia descansado pois as agendas, telefones com calendário e lembrete, relógios com aviso sonoro, etc, nada substituía o silencioso e sereno papelinho amarelo. Agora qual, cavalo de Tróia, inventaram um software para produzir no nosso ecrã do computador post-it virtuais. Sacrilégio!!!.
É de pequenas recordações, notas, apontamentos, etc, de que viverá esta crónica, com a certeza que cada vez que o faço, suavizo a minha memória, neste acto de partilha.
Existem palavras, frases, ditados, aforismos, versos, poesias, que muitos anos depois de ouvidos, surgem de repente, saídos do nada ou então colados a alguma lembrança. Tal como aqueles rostos e nomes, que vá-se lá saber porquê, vivem sempre na nossa memória e quando menos esperamos, toma! Lá vem eles, sorrateiros ou de supetão.
Vem isto tudo a propósito, de três situações recentes que ecoam na minha memória,
Este ano no início do verão encontrava-me sentado na esplanada dos Galegos, local central da baixa siniense, e na minha infância destino de romaria obrigatório de quem visitava Sines. Muito perto da mesa onde degustava uma sempre fantástica arrufada - ou pão de Deus -, três conhecidos cidadãos do burgo, um dos quais candidato a autarca, comentavam as últimas incidências da política local, quando um dizia muito indignado e com visível preocupação que fosse ouvido: "Eu não admito que ponham em causa o meu sinismo". Tal era o calor da refrega que nenhum dos três se apercebeu da homofonía (vão ver ao dicionário, obrigado Carla). E volta à carga " o meu sinismo é igual ou até maior que o dos outros". Efectivamente, assim é, não podia ser mais honesto.
Quantas vezes uma visão distanciada ou nova é que se apercebe, de algo que está mesmo debaixo do nosso nariz. Tal como as crianças que à medida que crescem fazem uma interpretação diferente e perspicaz de coisas que nós nem questionamos, tal temos o nosso mundo tão arrumado e resolvido. Em conversa com alguns amigos, falávamos do problema da ZIL, transformado em parque habitacional, que se transacciona nas imobiliárias como casas de habitação e que ainda havemos de assistir à introdução de equipamentos sociais para a população residente. Estávamos, então na conversa, quando o mais distante de nós, que ainda não tinha participado, nem mostrado interesse no assunto, dispara: "acabei de descobri donde vem a palavra asilados, são os habitantes da ZIL, os azilados ". Brilhante companheiro, obrigado pela gargalhada colectiva.
Alguém dizia que Portugal é um País de poetas, mais recentemente de treinadores de bancada e agora de filósofos, acrescento eu.
Esta, devo-a a um amigo de infância que me contou, que por sua vez a deve ao seu autor. Se algum dos dois ler esta crónica e se identificar, aqui fica o meu muito obrigado.
Num conhecido café de Sines, entre os pequenos-almoços, falava-se da situação política e social actual. É então que alguém faz este sarcástico comentário: 'Antes do 25 de Abril, não podia falar que podiam ouvir. Agora posso falar à vontade que ninguém me ouve". Nada mais certo. Para lá de toda a ironia, reflecte bem o desencanto da sociedade civil perante o poder político e decisório do nosso País.


“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 5 de Novembro de 2005.”
Balcão Central, 1.ª Fila (X)
Rescaldo



A CDU, iniciando cedo a sua campanha, metamorfoseada em demonstração do trabalho autárquico e utilizando os recursos da autarquia, depressa sufocou as campanhas adversárias. Mostrou uma capacidade de mobilização em que já não se acreditava, e as divisões internas por imposição de candidatos e desmobilização da juventude, mais do que realidade, eram desejos da oposição. O candidato surgiu bem preparado e beneficiou que a oposição jogasse no terreno que melhor conhece: as suas obras. Paradigmático o momento em que explica ao candidato do PS que a opção pelo CDH da Quinta dos Passarinho foi aconselhado pela então secretária de estado do PS - facto que deveria ter sido capitalizado pelo PS, como acção do seu governo - ou a forma como surge como o travão ao aumento da poluição em Sines, substituindo-se ao Governo.
O PS de Sines foi o menos votado do Litoral Alentejano, o que demonstra que para lá do descontentamento generalizado com o Governo, da ausência de líderes nacionais de renome em apoio à candidatura e do mérito da candidatura CDU, muito da pesada derrota tem raízes locais. As divisões internas e dissidências, apesar de contribuírem, também não encerram a totalidade das explicações.
Como tem vindo a demonstrar os resultados de Sines nas legislativas, em que o PS habitualmente ganha, estas eleições autárquicas comprovaram que Sines é manifestamente de esquerda. E somente uma parte deste vasto eleitorado de esquerda oscila entre CDU e PS. Para a autarquia CDU, era necessário que existisse um grande movimento de contestação (em politiquês, denominado vaga de fundo), um partido unido com uma lista e um candidato muito fortes, o que não era o caso e por fim um trabalho de 4 anos de oposição forte, determinado e coerente, o que não fizemos (Nota de redacção: Braz é vereador pelo PS desde 2001). Por fim, a campanha deveria ser centrada no futuro, libertando o candidato das polémicas do passado, surgindo, assim, como alternativa para um futuro diferente. A vantagem de apresentar um candidato sem passado autárquico em Sines, trazia um perfume de renovação de ideias e de fazer politica, que depressa se esfumou entre criticas e observações sobre o passado, que só serviram para desfocalizar a atenção sobre algumas ideias interessantes. O resultado alcançado, contudo, permite aos mais renitentes continuar a defender a estratégia actual, pois a cegueira política não permite isenção critica, confundido o mensageiro com a mensagem. O PS sineense lembra-me Camões: "erros meus, má fortuna”.
Acabou a esperança do PSD pôr termo à bipolarização politica em Sines, nos próximos anos. Perante um conjunto de factores que lhe sorriam: a conjuntura nacional, um candidato credível, um PS dividido e enfraquecido, somente se pode queixar de si próprio. Alcançou o feito de desbaratar rapidamente este capital sem perceber bem porquê, obtêm apenas mais 122 votos do que há 4 anos em situação mais adversa.
A política de muleta, viabilizando as propostas da CDU na Assembleia Municipal, castrou o PSD local de um carácter independente e combativo, e reside aqui parte da explicação porque muito do seu eleitorado votou CDU. Curioso este PSD, que ao contrário de Santiago do Cacém, os rostos que promoveu enquanto "nomeados" políticos eclipsaram-se, assim como o anterior candidato e a sua entourage. Certo é que, nas eleições autárquicas, continua a não traduzir em votos a sua verdadeira dimensão. Decerto que vale mais que a votação alcançada. Ao contrário do PS, aqui não há dúvidas, o PSD têm de arrepiar caminho, pois está esgotada a sua forma de estar na política siniense, e recomeçar de início. Salve-se o facto de ter a coragem de trazer novos actores para o palco da politica local, confesso que não sei se por opção ou necessidade.
O CDS mostrou o que de pior têm a politica. Um candidato, sem equipa, subjugado a lógica partidária. O CDS-PP alcançou o seu objectivo: estatisticamente contabilizou mais uma candidatura e mais 80 votos para o saco dos resultados nacionais. Apesar de na política o todo nem sempre ser igual è soma das partes, bastava a Manuel Lança os votos do CDS para ser eleito vereador. Se Ribeiro e Castro souber ficará satisfeito.
O BE refém da indecisão, até última hora, do candidato desejado, viu-se na contingência de um candidato de recurso. Apresentou uma candidata que não é talhada para estas andanças e que sem equipa e campanha, limitou-se a cumprir a sua obrigação. Não deixando órfão o seu eleitorado, dignificou o seu partido e a democracia.
Em resumo, olhando para os valares absolutos, concluí-se que a par de um grande vencedor - CDU, temos um PS derrotado inapelavelmente. À excepção do PS que perde 969 votos (menos 35%), todos os partidos subiram as suas votações, em relação às últimas autárquicas. Curioso o efeito das expectativas: a CDU com apenas mais 254 votos (crescimento de 7%), foi a grande vencedora, enquanto o PSD com mais 122 (crescimento de 24%) sai como derrotado. Mais 80 votos e consequente eleição de um vereador fariam do PSD um vencedor. As fracas candidaturas de CDS e BE, serviram para mostrar quanto vale o seu irredutível eleitorado.
Finalizo aqui o Balcão Central, 1º Fila, donde assisti e partilhei a minha visão com os leitores, sobre este acto eleitoral. Com um pedido de desculpas a Carlos Salvador, pois ao contrário do que referi, não foi o menos votado dos candidatos PS, contudo tal facto, não retira uma virgula à minha opinião de ter sido o grande derrotado pela tripla responsabilidade de candidato à Junta, de presidente da comissão politica e responsável pela desastrosa estratégia do PS.


“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 16 de Outubro de 2005.”
Balcão Central, 1ª Fila (IX)
Vencedores


Vencedores
Manuel Coelho - é sem dúvida o grande vencedor destas eleições, oportunamente distanciou-se dos 30 anos de política CDU, centrou em si e nas recentes obras a sua campanha. Apesar de não alcançar o máximo da CDU (64% em 1985), há 8 anos poucos acreditariam que chegasse tão longe. Trata-se de um verdadeiro gestor de emoções a que Sines se rendeu. Entregar pelouros aos vereadores da oposição seria a suprema lição de maturidade e democracia.
CDU - à excepção de Porto Covo foi uma vitória em toda a linha, comprovando Sines como um bastião comunista irredutível, destaque para a recuperação da maioria na Assembleia Municipal. Continua a manter a capacidade de renovação, conforme demonstra o aumento do eleitorado jovem, muito por contestação ao governo centrai e de um apurado trabalho local, nomeadamente do Gabinete da Juventude.
José Arsénio - comprovou que são os candidatos que ganham eleições, ao vencer ganha folgadamente a Junta, numa freguesia que vota maioritariamente CDU para a Câmara. Muito mérito para o trabalho do PS feito no Porto Covo.
Francisco Pacheco e António Correia - Figuras de sempre da CDU, representam a linha mais ortodoxa da CDU. A par com Manuel Coelho, fecharão um ciclo político da vida sinieense. Têm 4 anos para preparar a sua sucessão.
Idalino José - alcança uma meia vitória. Se por um lado consegue uma votação superior ao candidato socialista à presidência - o PS terá que contar com ele nas próximas autárquicas - por outro não impede a maioria absoluta da CDU na assembleia municipal, deixando fugir dois deputados municipais para a CDU.
Porto Covo - Parabéns! O nível de participação cívica é de fazer inveja a qualquer democracia.

Vencidos
Carlos Silva - pela responsabilidade de principal alternativa é também o principal vencido. O PS pedia a vitória e exigia a manutenção de 3 vereadores. Não conseguiu nenhuma das duas. Peio seu conhecimento e experiência autárquica será certamente um dos melhores vereadores da oposição que Sines conhecerá.
PS - Apesar de não conseguir consolidar o crescimento iniciado há 12 anos, manteve uma razoável base eleitoral, deixando o PS numa desconfortável encruzilhada entre o modelo actual ou a renovação. Terá que procurar no seu seio respostas a "muitas questões, sem esquecer que a poucos dias das eleições José Sócrates afirmar que "a contestação tem sido pouca" ou Jorge Coelho dizer que" o Eng. José Sócrates apenas irá aos concelhos em que temos dúvidas da vitória ou que são importantes", são duas excelentes pistas para procurar razões de tão magro resultado. O divórcio dos partidos com as suas bases, têm um nome: derrota.
Carlos Salvador — mais que vencido é o grande derrotado das autárquicas sineenses. Por um lado, alcançou o pior resultado dos candidatos do PS nas urnas, e por outro, é o responsável peia estratégia que conduziu o PS a esta derrota, enquanto presidente da concelhia. Surpresa não ter apresentado a demissão, na noite eleitoral.
Manuel Lança - Tratava-se de uma reserva do partido, que apesar das circunstâncias favoráveis, ficou a menos de 80 votos de conquistar o lugar de vereador à CDU. Demasiado pouco para quem se esperava tanto.
PSD-PPD - Volta a não ultrapassar a barreira dos mil votos, não elegendo o ambicionado vereador que lhe foge desde 1989. Caiu por terra a teoria da existência de um eleitorado flutuante do centro direita e a vitória em Sines de uma eventual aliança com o PS para derrotar a CDU. Salve-se o facto de manter os 2 deputados municipais.
BE - depois do resultado nas últimas legislativas aguardava-se com expectativa a candidatura do BE. A candidata e os BE estiveram irreconhecíveis durante a campanha. Dizer que cada voto é uma vitória não fica bem a um partido que veio para ficar.
CDS-PP - foi a demonstração que na política, a soma matemática, nem sempre é sinal de vitória. O CDS-PP candidatou-se a mais câmaras que em anos anteriores, e depois? Não seria estes votos necessários a Manuel Lança. Perdeu a direita, por que ficou de novo órfão do poder e a política local, porque esta candidatura contraria a tão apregoada proximidade e conhecimento das populações por parte dos autarcas.
Armando Amador - Depois de muitos anos como autarca a primeira vez que se sujeita ás urnas como cabeça de lista, sai derrotado. Aposta forte da CDU para recuperar a freguesia de Porto Covo, constituiu a única desilusão numa noite memorável para a CDU.
Política Local -Espelhado na hiperbólica frase" se o poder corrompe o poder absoluto corrompe absolutamente", sempre que existe uma maioria absoluta, perde o debate de ideias, o diálogo e a transparência. Sines fica sem oposição digna de relevo.
Campanha - a fraca mobilização, associada â ausência de ideias concretos para alguns dos principais problemas de Sines como a poluição ou a insegurança que assola as ruas, minando o turismo, comércio e a vida social Siniense, principalmente, a nocturna, tomaram esta a mais monótona e bocejante campanha autárquica dos últimos anos.

Nota: a todos os que criticaram as previsões da última crónica, sugiro, que confiram os resultados. O segredo é bom senso, saber ouvir a sociedade e ler os seus sinais, pois eles estão lá.

“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 11 de Outubro de 2005.”
Balcão Central, 1ª Fila (VIII)
Alea Jacta Est


Sem o objectivo de convencer o leitor, nem a presunção de ser um estudo científico, este trabalho de previsão dos resultados autárquicos, baseia-se em factos históricos, na realidade do nosso concelho, que julgo conhecer e na minha convicção. Trata-se, assim, de uma previsão empírica sem base nem métodos científicos de análise e/ou estatística.
A CDU centrou a sua campanha na figura de Manuel Coelho, alicerçada numa estratégia de comunicação com o eleitorado baseada numa segmentação de grupos homogéneos: os Idosos, as mulheres, os Jovens, as minorias, etc, Trata-se de um candidato de proximidade, que conseguiu transmitir uma diferenciação entre si e os 30 anos de política CDU. Em círculos eleitorais da dimensão de Sines, mais importante que o candidato é a sua disponibilidade e facilidade do acesso, esta proximidade com quem manda, induz no eleitor, uma ilusão de poder. Basta ouvir, regularmente, dizer "eu logo falo com o Presidente...", "eu já disse ao Coelho...","ele (o presidente) conhece-me bem...” ,etc.; para perceber a empatia existente entre o candidato e a população. A esta relação com a população não é alheio o facto de se tratar de um conhecido médico e de um presidente que se recandidata ao terceiro mandato com, a tão pregoada, obra feita. A suposta coesão interna, o fenómeno psicossocial de resistência à mudança (os convictos votam por convicção, os indecisos pela situação), e as fragilidades evidenciadas pelas candidaturas adversárias, completam um conjunto de factores, que indubitavelmente conduzirão Manuel Coelho ao seu último e mais difícil mandato. O desgaste do poder, o sentimento de vitória antecipada, que afasta alguns votantes, e algumas promessas por cumprir são cartas menores para quem tem tantos trunfos na mão.
O candidato do PS, Carlos Silva não se libertou do estigma de "não ser conhecido" e "de não ser de Sines", aproveitado desde cedo seus adversários e de uma elevada expectativa dos seus simpatizantes. Dele esperava-se uma pedrada no charco que agitasse as águas cálidas da política siniense, com ideias inovadoras e mobilizadoras que gerassem um sentimento de modernidade e alternativa. Mostrou-se um candidato mais habituado ao poder que à oposição. Falhou ao não cultivar um necessário afastamento do estafado modelo de oposição do PS de Sines. Sujeito à erosão da actuação do governo PS e à convicção generalizada que não reúne condições para ganhar, assistirá à transferência (ou retorno) de votos para o PSD e ao aumento da abstenção, situando-se muito aquém do score alcançado, pelo PS siniense, no último sufrágio autárquico. Resta ao PS acreditar nos imprevistos da realidade, e nos imponderáveis que o futuro esconde a cada esquina do tempo,
O PSD-PPD à boleia do desencanto generalizado com a acção do Governo PS cavalga a onda do descontentamento que arrastará muito do chamado eleitorado flutuante, que vem à alguns anos a optar pelo voto útil no PS, como forma da afastar a CDU dos destinos autárquicos. Factor não desprezível para o resultado histórico que o PSD obterá, é a escolha do seu candidato, que apesar de não resolver as questões fracturantes do PSD siniense, permitiu, pelo seu caracter de não hostilidade, gerar um consenso alargado nas suas hostes,
O BE não trouxe a esperada lufada de ar fresco e a irreverência a que nos habituou. Terá os votos dos fiéis seguidores da sua sigla e estilo.
O CDS-PP foi a candidatura que menos desiludiu. Dele nada se esperava e ele nada trouxe. Coerente.
Tendo por base estas considerações, prevejo o seguinte resultado eleitoral para a Câmara Municipal de Sines, nas próximas eleições autárquicas.
CDU - 48% a 53%, 4 vereadores;
PS - 28 a 33%, 2 a 3 vereadores;
PSD/PPD - 13% a 18%, 0 a 1 vereadores;
CDS/PP - até 3%, nenhum vereador;
BE - 2% a 5%, nenhum vereador.

Manuel Coelho apesar de conseguir a sua melhor votação de sempre ficará longe, dos valores históricos de Francisco Pacheco. O aumento da votação na CDU é na verdade uma vitória de Pirro, pois para acrescentar um vereador aos actuais, seria necessário muito mais. O PS apesar de conseguir manter uma razoável base eleitoral sairá como o grande derrotado destas eleições, perdendo um vereador. Manuel Lança do PSD, poderá recuperar o lugar de vereador perdido há 8 anos, e possivelmente obtendo a maior votação de sempre do PSD a concorrer sem coligação, O CDS e BE dificilmente passarão dos 3% e 5, respectivamente.
.Assembleia Municipal - Sem prejuízo da tendência de votação para os vários órgãos autárquicos ser muito semelhante, em virtude da aplicação do método de Hondt, a CDU, considerando que não ganhará a freguesia da Porto Covo, poderá ficar novamente a 1 deputado da maioria absoluta, necessitando que o PSD viabilize as suas propostas através, não dos dois deputados que dispunha, mas dos 3 a 4 deputados que irá eleger. Apesar de Idalino José ir obter uma votação, ligeiramente, superior a Carlos Silva, não conseguirá impedir a perda de 1 a 2 deputados municipais.
Junta de Freguesia de Sines - A vitória será da CDU, é esta a opinião generalizada e consensual da população. Será aqui que o PS sofrerá a maior derrota da noite eleitoral, devido aos opositores que enfrenta.
Junta de Freguesia da Porto Corvo - É sem dúvida a mais renhida das batalhas eleitorais. Como á afirmei, joga-se aqui mais que a própria freguesia. O Presidente de Freguesia, que por via da sua eleição será membro da Assembleia Municipal, será decisivo para uma eventual maioria da CDU. Todavia, é minha convicção que Manuel Arsénio ganhará por uma margem mínima, mantendo o Porto Covo socialista.

“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 1 de Outubro de 2005.”


Nota:
Resultados das eleições autárquicas 2005, para a Câmara Municipal de Sines, CNE
CDU 3524 votos- 54,94% (5 vereadores)
PS 1765 votos - 27,52% (2 vereadores)
PPD/PSD 609 votos- 9,49%
BE 163 votos - 2,54%
CDS/PP 79 votos - 1,23%


Balcão Central, 1.ª Fila (VII)
(O)posição


É meu dever preveni-lo, caro leitor, que não esperava um vendaval político, nem uma plateia cheia de eleitores ávidos de decidir o seu voto, nem a apresentação de grandes ideias, mas sempre era um debate com todos os candidatos autárquicos.
Sexta-feira passada, houve (???) debate entre os candidatos à autarquia. A plateia, inferior a uma centena de bocejantes eleitores, constituída, principalmente, por elementos das listas candidatas, foi-se esvaziando à medida que o debate avançava. Avançar, é demasiado; arrastava-se. Confrangedor, e deprimente se comparado com debates das últimas autárquicas. Assistimos mais a uma assembleia municipal, com a oposição a questionar o executivo, do que propriamente a um debate autárquico.
Veja-se por exemplo a poluição, questão maior da vida siniense. O debate resumiu-se a saber se a redução dos maus cheiros era iniciativa do presidente (e repare-se não da autarquia, mas do presidente) ou imposição das directivas comunitárias. Acabaram todos por concordar que este é um problema do Governo Central, o que deixou Manuel Coelho numa posição extremamente confortável, e ninguém falou num estudo epidemiológico, que determine os efeitos e as consequências sobre a saúde. Esqueceram-se que a poluição não se limita ao mau cheiro, muitas das vezes é inodora, incolor e inodora. Como é possível que depois de tantos anos, os candidatos regozijem-se pela expectativa de virmos a conhecer diariamente os níveis de poluição, num painel a colocar no centro da cidade.
Estrategicamente, Manuel Lança, do PSD, pretendeu assumiu a liderança da oposição, procurando estabelecer diálogo com o candidato CDU. Demonstrou desde cedo ser profundo conhecedor da realidade autárquica, por vezes foi arrojado, irreverente. Quase tudo para dar certo, perdeu-se em miudezas, piadas e provocações gratuitas, banalizando o debate e quase transformando-o numa conversa de café. O diálogo que travou com Manuel Coelho originou momento de pura diversão, cujo contributo para o debate se resume a algumas gargalhadas da assistência.
Carlos Silva, candidato do PS, mostrou-se distante, quase apático, nitidamente surpreendido peta reduzida qualidade do debate, cujo teor e modelo o prejudicou. Trouxe algumas ideias que mereciam melhor explicação e continuidade. Deste, como principal candidato da oposição, e aspirando ã vitória, esperava-se que marcasse o ritmo do debate e tudo fizesse para que este girasse sobre as suas propostas e o futuro de Sines, afastando-se do passado e das obras realizadas. Pelo contrário, deixou-se enredar pelo passado, arrastado pelo candidato do PSD e pelos jornalistas. Carlos Silva foi de fraque para um churrasco.
O candidato da CDU, Manuel Coelho, conseguiu algo notável: no mesmo dia teve o seu pior e melhor momento de campanha (ciclotimia politica?). Pior, quando na qualidade de presidente da CMS, distribui, a um mês das eleições, um livro documentando as obras da autarquia, quando o próprio assume que a população conhece o seu trabalho. Mesmo legalmente inquestionável, e prática corrente em muitas autarquias, tal não o iliba duma atitude moralmente condenável e cujo cofre da autarquia não aplaude. Melhor, no debate. Mostrou a serenidade e tranquilidade, que lhe faltou noutros debates, pecou nos trocadilhos com Manuel Lança e na demasiada preocupação com o candidato do PS. Em tudo o mais o debate correu-lhe de feição, centralizou e conduziu o debate, chegando ao ponto de alguns dos seus adversário tratarem-no com a deferência de Sr. Doutor e Sr. Presidente, esquecendo-se que se encontravam os quatro na qualidade de candidatos. O debate serviu-lhe como uma luva para relembrar as obras executadas. Mantendo um discurso coerente, conseguiu muitas vezes obter o reconhecimento do seu trabalho e iniciativas, por parte dos adversários. Vencedor inquestionável num debate, sem história e em que lhe bastou ser igual a si próprio. A mais não foi obrigada.
À candidata do BE, faltou o arrojo, a determinação e a inovação, a que nos habituou este jovem partido. Mostrou conhecimento da maioria das matérias em debate, não apontou nenhuma ideia de relevo que ficasse na memória, excepto "encher as caixas de correio das grandes empresas como forma de combater a poluição". È francamente muito pouco.
Ausência compreensível e sensata do candidato do CDS-PP.

“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 17 de Setembro de 2005.”